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A Cor da Natureza

 Normalmente, uma planta atrai o inseto polinizador através de suas cores. A
planta que não tem uma cor atraente precisa ser polinizada utilizando outros
recursos, como por exemplo, o aroma que produz. Caso não conte com nenhum
desses recursos, sua disseminação ocorre através do vento, como acontece com o
dente-de-leão.

A cor é de grande valia na natureza das plantas, pois além de atrair o agente polinizador (inseto, aves), o conduz para a região adequada da flor, que contém os grãos de pólen. Ao se alimentar, o animal o transporta para outras flores, promovendo assim a mistura do material genético e isto favorece o aumento da variabilidade genética.

No mundo animal, as cores favorecem o processo do cortejo, pois o pavão, por exemplo, realiza a dança nupcial, abrindo sua cauda de cores vibrantes, em tons de azul e verde, que despertam o interesse da fêmea. Ao perceber que a fêmea está interessada, o macho se vira, e ela vai para sua frente e isto se repete por várias vezes, numa dança que antecede o acasalamento.

Ter cores fortes e vibrantes, portanto, garante a reprodução dos pavões e a transmissão dessas informações genéticas aos seus descendentes, favorecendo
assim a perpetuação da espécie.

Charles Darwin em seu trabalho sobre a seleção natural afirmou que as cores da plumagem indicam a força da linhagem genética, embora os cientistas ainda continuem tentando entender como isso funciona.

Uma teoria sugere que, como as cores dos animais são feitas de pigmentos raros chamados carotenoides, que também são usados para combater doenças, um macho que exibe muitas cores deve ser saudável e portanto um bom parceiro.

De zebras em preto e branco a borboletas brilhantes e coloridas, do mais banal pedaço de musgo à exibição da mais exótica ave, a natureza está repleta das mais incríveis cores.

Quanto mais a natureza é agredida pela tecnologia humana, maior a nossa consciência de quão complexamente funcionam suas ligações e qual facilmente elas podem ser perturbadas. A cor é parte dessa complexidade.

Além da reprodução, as cores também são usadas para a camuflagem e na luta contra predadores. Aquelas cores de tons bege, cinza ou marrom, que normalmente as fêmeas apresentam assim como seus filhotes, lhes facilita se camuflarem no meio ambiente em que vivem, pois como a cor da terra ou das pedras é parecida com a de seu corpo, torna-se difícil avistá-los.

Para misturar-se ao ambiente em que vive, a rã de Budgett tem a cor marrom
enlameada. Já a rã vietnamita tem a pele manchada para confundir-se com pequenos musgos de seu habitat.

Há também casos de mimetismo, ou seja, o animal possui características que o
fazem ser confundidos com elementos de outra espécie. Por exemplo, o bicho-pau
que apresenta a mesma cor e formato de um graveto e quando este se encontra nos troncos das árvores, normalmente passa desapercebido.

Alguns animais conseguem mudar de cor. Precisam fazer isso para se defender de predadores, se comunicarem com outros, atrair potenciais parceiros, repelir os rivais, conseguir proteção do ambiente ou enganar predadores que se aproximem.

A cor vermelha, em especial, é um tipo de sinal de alerta, que pode significar: “não se
aproxime sou venenoso”, ou “tenho um gosto desagradável”, por isso, é aconselhável não me comer.

Um bom exemplo disso, envolve o gênero Dendrobates, representado por
pererecas de diferentes colorações intensas (amarelo, vermelho, azul ou verde,
associadas ou não ao preto) que fazem os predadores não se arriscarem.

Já se a cor vermelha estiver junta com as cores branca e preta, o perigo aumenta.
O sinal quer dizer afaste-se, pois sou muito perigoso. A cobra coral verdadeira, é um exemplo bem claro desse poder. Em contrapartida, existe também a coral falsa, que se aproveita das mesmas cores para não ser predada, embora na verdade não ofereça risco algum, pois não é venenosa.

A camuflagem é a forma mais conhecida de adaptação cromática e, naturalmente, uma técnica emprestada pelos humanos.

Descobrimos há muito tempo como controlar pelo menos algumas das cores da natureza. Os designers de jardins usam técnicas tão sutis quanto as de um pintor. Organizar várias plantas bem juntas é capaz de aumentar a saturação da sua cor.

Diferentes tipos de superfície foliar podem afetar a maneira como a luz se dispersa: folhas rústicas partem a luz com sombra, enquanto lisas a refletem mais diretamente.

Nossa experiência do mundo natural confere significação a certas cores e condições de cores. Os vermelhos e amarelos de um pôr do sol podem ser usados na arte e no design para evocar calor e repouso, por exemplo, enquanto uma cena chuvosa pode evocar calmaria e serenidade.

Acredita-se que o vermelho e o amarelo das folhas durante o outono ocorram por causa de uma redução da produção de clorofila, mas também podem servir para afastar insetos predadores. Seja como for, essas cores contribuem para nossos sentimentos sobre essa época do ano.

Referências:

Este texto faz parte da nossa Série Sobre Cores. Clique no link e veja todos os artigos.

 

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